Prevenir, proteger e cuidar
Já era esperado: o ano começou quente! Quente no clima. Quente nas demandas diárias, nos problemas cotidianos de nossa sociedade, de nossos cidadãos e cidadãs. Já nos primeiros dias de 2024, por exemplo, o mau cheiro de nosso Rio Piracicaba indiciava que o ano vai exigir de todas e todos nós um cuidado extremado em áreas em que imperam descasos – como o meio-ambiente. Quer dizer, enquanto faltam políticas públicas municipais e estaduais voltadas para preservar o nosso meio-ambiente local e nossos bens naturais – como o rio –, sobram peixes mortos e reina o fedor em águas estranhas. Problemas de agora? Não. Recentemente, pouco ou nada de realmente efetivo se fez pela natureza de nossa cidade. Recentemente, pouco ou nada de realmente efetivo se fez, em especial, pela Rua do Porto (por nosso rio, por sua mata ciliar e vegetação local).
Está quente? Vai piorar. Isso porque o ano se abre em disputas que colocam em risco não só prédios de beleza arquitetônica (como a Boyes,), mas que se dão a partir da “ideia” de “avanço” a querer nos fazer acreditar no “progresso” e no “desenvolvimento” em detrimento da preservação de nossa “natureza”. A verdade? Ela está no fato de que a sanha do capital, que visa lucro acima de tudo, põe ao chão o que for necessário – casas, árvores, imóveis históricos. A avenida Alidor Pecorari, também por exemplo, corre agora o risco de ver parte significativa de sua mata derruba e seu tradicional campo de futebol pavimentado para – pasme-se! – “virar” estacionamento (tal como aconteceu há pouquíssimo tempo com a Praça “Pádua Dutra”). À luz do sol, vão embora as grandes árvores e surgem no lugar carros e poluição, vão embora as sombras (o clima, as aves) e surgem mudinhas de replantio para se criar um argumento falso que tenta justificar absurdos contra o meio-ambiente.
Nesse sentido, e sabendo – como todo mundo sabe – que as chuvas de verão chegaram (e devem cair com fúria), importa perguntar: Piracicaba está preparada para enfrentar possíveis temporais? Nossa cidade viu algum projeto – pelo menos nos últimos dez anos – ser efetivamente elaborado e realizado para solucionar os problemas de alagamento em seus pontos centrais (como o da rodoviária)? Há mapeamento de regiões de risco geológico ou algum projeto para prevenção de catástrofes? Ainda: a população que habita as comunidades mais distantes, periféricas, zonas rurais, estão de alguma forma sendo monitoradas ou possuem algum plano para ser acionado em caso de ocorrências climáticas graves? Em resumo, estamos preparados ou temos planejado soluções para possíveis (e bem possíveis) crises climáticas ou vamos apenas rezar a Deus?
Chova ou faça sol, é preciso que o poder executivo municipal e estadual se manifestem claramente acerca do tem feito em relação ao meio-ambiente. Mais do que isso, é preciso que apresentem planos efetivos, claros, elaborados em conjuntos e com a participação daqueles que são reconhecidamente conhecedores do que há de mais moderno, inteligente e eficaz em termos de catástrofes climáticas e prevenção de riscos de natureza geológica que nos sinalizem que está a cidade preparada para, ao menos, reagir com presteza e segurança diante das intempéries naturais às quais (sabemos todos e todas) estamos sujeitos e sujeitas. Por fim, é preciso acabar de uma vez com a destruição “legalizada” de nosso meio-ambiente sob pena de decretarmos para sempre, e de uma vez por todas, a extinção de nossas belezas naturais, de nossa flora e da vida própria de nossa gente.