A incoerência do empréstimo de 50 milhões!

Por: Rai de Almeida Em: 6 de julho de 2022

Imagine que você – caro e cara munícipe – possui uma poupança com um saldo bastante expressivo. (Sim, em tempos de crise, de inflação e desgoverno é difícil imaginar isso. Mas tente). Pense também que esse saldo é muito maior do que o valor que você precisa para reformar sua casa. Pensou? Agora, pergunto, o que você faria, tendo muito dinheiro no banco e precisando reformar a casa: você usaria responsavelmente parte desse dinheiro ou correria para um banco a fim de fazer um empréstimo que lhe traria uma dívida – com juros e correções – que com o tempo se tornaria muito maior do que o valor emprestado?
Agora, imagine outra situação. Uma prefeitura de uma cidade do interior aperta os cintos e não utiliza grande parte dos recursos que arrecadou com a cobrança de impostos. Quer dizer, ao longo de mais de um ano de mandato, essa prefeitura hipotética cobrou impostos e não utilizou grande parte desses recursos advindos do povo – que paga impostos esperando que a municipalidade devolva a ele em saúde, em educação, em segurança, em cultura, em desenvolvimento e outros. Pois bem, agora cabe novamente uma pergunta: o que você pensaria dessa gestão hipotética que arrecada muito, mas pouco (e mal) utiliza seus recursos?
Imagine por fim que essa prefeitura “hipotética”, tendo dinheiro em caixa (sobrando!) resolve emprestar de um banco o valor necessário para fazer “algumas obras” – gerando assim uma dívida a ser paga a preço alto. Novamente, faço aqui uma pergunta: seria essa “estratégia” de gestão (a de emprestar tendo dinheiro em caixa) adequada? E mais, e retomando o começo deste texto: o contribuinte acha que é certo uma prefeitura cobrar impostos, economizá-los e, depois, fazer empréstimos no nome da cidade para executar obras que mal se sabem quais são?
Pois saibam – cidadãos e cidadãs – que as metáforas acima ilustram a realidade que vivemos em Piracicaba. Afinal, na última semana a Prefeitura municipal pediu à Câmara que aprovasse um projeto que autorizasse o Município a emprestar 50 milhões de um banco paulista – mesmo tendo a Prefeitura mais de 570 milhões em caixa! (valor, inclusive, corretamente informado – na referida sessão camarária – pelo vereador que preside a Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara). Mais ainda: a dívida contraída deverá ser paga (por outras gestões), a juros altos, até 2030. Parece mentira, mas é verdade! E tendo, diga-se de passagem, apenas o voto desta parlamentar em contrário, pasme-se: o projeto do Executivo foi aprovado.
Mais do que incoerente, esse projeto expõe uma gestão que revela dia a dia, até o momento, não saber ao certo para que veio – haja vista não ser capaz de resolver os problemas básicos da cidade nem, muito menos, desenvolvê-la. Quem anda pelos bairros, pelas ruas, quem frequenta os postos de saúde, as UBS e tantos outros locais de nossa Piracicaba sabe bem o que aqui se afirma: faltam projetos adequados, falta plano de gestão, falta razoabilidade, falta visão, falta administração, falta desenvolvimento. Sobram polêmicas, sobram entidades e próprios públicos fechados, sobram propostas desnecessárias como a desse empréstimo de 50 milhões ora aqui exposta.
Águia com cabeça de galinha, Piracicaba agora é “metrópole” – e precisa desenvolver-se como tal. E se há recursos para atender as necessidades da população – faltam, ao que parece, visão, diálogo e competência. Não cabem mais propostas absurdas. Afinal, um ano e meio de gestão já se perderam. O tempo urge e as necessidade estão aí. É preciso gestão eficaz e coerência.

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